Brasil e México renovaram o acordo bilateral para veículos e autopeças, assinado originalmente em setembro de 2002, mas com uma alteração. A partir desta terça-feira (19), o comércio entre os dois países passa a ser livre: montadoras poderão exportar e importar veículos sem qualquer barreiras alfandegária ou cotas que limitem quantidade.
A etapa anterior do acordo, firmada em 2015, trabalhava com um sistema de cotas para importação e exportação cujos valores aumentavam 3% ao ano. A cota foi encerrada a US$ 1,7 bilhão para cada nação.
O novo acordo é válido para automóveis e comerciais leves, porém caminhões e ônibus só passarão a ter o livre comércio a partir do ano que vem.
Entre os carros produzidos no México que são comercializados no Brasil, estão os Chevrolet Tracker e Equinox, o Audi Q5, o Nissan Sentra, o Ford Fusion e os Volkswagen Jetta e Tiguan. Do Brasil, são enviados para a terra da tequila o Chevrolet Onix, os Ford Ecosport e Ka, Honda Civic e os VW Gol e Up, entre outros.
O que esperar com o livre comércio?
O fim da política de cotas certamente ajudará a impulsionar os negócios da indústria automobilística, porém deixa um ponto de interrogação sobre a sua efetividade. A limitação surgiu justamente de um desequilíbrio comercial entre os dois países.
Houve um período nesta década em que o volume de veículos importados era razoavelmente maior que o de exportados. Sem limite de envios, as montadoras optavam por produzir no país latino para também abastecer o mercado norte-americano.
Com a nova medida, as montadoras podem comercializar quantas unidades quiserem de qualquer modelo disponível. Para o consumidor, isso pode representar maior competitividade entre as marcas, e até eventuais reduções nos preços de alguns modelos.
Há ainda a possibilidade de se lançar produtos que antes não eram considerados por causa das cotas. Entretanto, o livre comércio pode novamente causar um desequilíbrio nessas movimentações e até fazer com que empresas optem por investir no “parceiro”.
Foi exatamente esta ponderação que fez a Anfavea, a associação nacional das montadoras, em comunicado divulgado nesta terça. Para a entidade, o livre comércio é positivo, mas abre uma “possibilidade de perda de alguns futuros projetos para a indústria mexicana, em detrimento de investimentos locais, caso o Brasil ainda não atinja rapidamente o mesmo nível de competitividade deste e de outros potenciais parceiros comerciais”.
Fonte: AutoEsporte