Brasil busca etanol mais eficiente diante da eletrificação dos carros

Apesar de o mundo estar se encaminhando para uma eletrificação em massa, o Brasil ainda resiste ao processo evolutivo do restante do globo utilizando o etanol como combustível do futuro, embora o mesmo seja utilizado em larga escala no país desde o fim dos anos 70.

Mesmo que a bandeira levantada pelo derivado da cana não tenha sido exatamente a da baixa emissão de carbono naquela época, em virtude da Crise do Petróleo, hoje em dia o velho álcool resiste a bordo dos carros flexíveis, mas sua eficiência ainda está longe de representar o futuro em termos energéticos.

Atualmente, o máximo que o etanol conseguiu atingir em termos de eficiência energética em relação à gasolina foi de 72%. E isso mesmo com o uso de motores dotados de turbocompressor e injeção direta de combustível. Para se tornar realmente vantajoso em termos de custo para o consumidor, o combustível vegetal precisa ter pelo menos 85% da eficiência da gasolina.

Segundo Francisco Nigro, professor do Departamento de Engenharia Mecânica da Escola Politécnica da USP, “um motor muito eficiente deveria atingir 85%, o que chegaria perto de igualar a autonomia entre os dois combustíveis”. Atualmente, o consumo é elevado em carros flex abastecidos com etanol em comparação com o derivado de petróleo, mesmo aqueles com propulsores mais modernos. Isso se reflete diretamente na autonomia, bem inferior.

Mas então, como mudar a situação? Já se fala em alternativas, tais como o etanol “2.0”, mas são os fabricantes de veículos que poderão fazer a diferença na busca da maior eficiência no etanol. A Toyota quer resolver o problema com a eletrificação, algo que não agrada o setor sucroalcooleiro, pois é o caminho natural para se chegar ao carro elétrico como alternativa final aos combustíveis fósseis ou vegetais.

Governo federal, fabricantes de veículos e os produtos de cana defendem o etanol como alternativa do Brasil, pois já está disponível em escala industrial e reduz enormemente a emissão de CO2 nos automóveis. Apesar de Brasília ajudar no processo, recentemente o governo aceitou reduzir as alíquotas de IPI para carros elétricos e híbridos na ausência de uma política para o setor automotivo, caindo estas para 7%, embora novas informações falem em zerar para elétricos e alíquotas de 7% a 9% para híbridos e híbridos plug-in.

As montadoras defendem o etanol, mas para que o mesmo evolua em termos energéticos, pedem incentivos para pesquisa e desenvolvimento. No entanto, isso viria através do Rota 2030, mas o governo não quer aprovar novos benefícios fiscais para o setor. Ou seja, por sua parte, os fabricantes terão de assumir os encargos sozinhos. Assim como a Toyota quer híbridos flex, a Nissan estuda células de combustível que usam etanol e uma mistura de até 55% de água.

Mas, no meio de cenário de incertezas quanto ao futuro do etanol, não só governo, montadoras e produtores defendem o etanol. Em desenvolvimento na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), um motor movido com esse combustível, mas extremamente modificado promete eficiência igual à do diesel e consumo menor que um equivalente a gasolina. Com câmaras redesenhadas, o propulsor permite queima mais eficiente com altas cargas. Logo mais será testado em campo.

Por ora, o etanol continua na casa dos 70% de eficiência em relação à gasolina e com os altos preços praticados nos postos de combustíveis pelo país, fica cada vez mais difícil apostar no derivado da cana como alternativa rentável para abastecer o veículo. Se o próprio combustível não evolui, então a alternativa é que os automóveis avancem em termos energéticos para que haja um equilíbrio, pelo menos, em relação ao que a gasolina oferece hoje em dia, independente do preço cobrado.

Fonte: Correio do Estado

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AGÊNCIA CMI
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