Brasil deve liderar eletrificação na América Latina

Os carros elétricos ainda parecem distantes no contexto atual do mercado brasileiro, onde a oferta desse tipo de veículo praticamente se limita a um único modelo numa faixa mais “acessível”. Isso é que estamos falando de R$ 160 mil ou R$ 170 mil, distante da maioria dos compradores. Mas, a situação deve mudar nos próximos meses e anos, por conta de ações recentes dos fabricantes de veículos instalados no país.

Porém, a introdução do carro elétrico no mercado brasileiro ainda é considerada complicada, visto que o país não possui uma infraestrutura adequada para tal. Mas, esse problema não é apenas visto por aqui. Os vizinhos latino-americanos também estão atrasados em relação aos veículos movidos por energia. Argentina, Chile, Colômbia e México, os maiores da região, depois do Brasil, é claro, também carecem de infraestrutura para suportar esse novo mercado.

Como o México, apesar de sua proximidade e livre comércio com os EUA, não anda atraindo investimentos de produtos de tecnologia semelhante, salvo algumas exceções, o Brasil surge como um potencial gerador de tecnologia e exportação de carros elétricos, segundo a ABB, tradicional fornecedor do setor automotivo.

A empresa considera o Brasil como estratégico nesse processo de eletrificação da América Latina, não só devido ao tamanho do mercado automotivo, mas por conta de nosso parque industrial, que atualmente tem capacidade para 5 milhões de veículos. Como se sabe, recentemente uma pesquisa apontou para uma demanda local de 150.000 carros elétricos ao ano, o que obviamente seria maior se o País liderar a exportação na região.

Para a ABB, um dos pontos fundamentais é a recarga elétrica. Hoje, um carregador rápido para veículos exige investimentos entre US$ 20 mil e US$ 25 mil. De acordo com a empresa, o cenário mais provável é que esses pontos de recarga sejam integrados às atuais redes de postos de combustíveis, provendo assim uma ampliação do alcance dos carros elétricos. Um carregador potente pode repor até 300 km de autonomia em apenas 12 minutos, por exemplo.

Já tentou-se essa estratégia há alguns anos atrás com a rede BR da Petrobrás, mas o projeto deu errado. Atualmente, o governo argentino e a rede da petrolífera nacional YPF está desenvolvendo um projeto para criação de uma rede de eletropostos. Mas a ABB diz que não haverá um impacto no sistema elétrico brasileiro com a introdução de redes como essa, visto que o processo é evolutivo.

Atualmente, se metade da frota virasse elétrico, o sistema nacional não suportaria. Assim, a tendência é um aumento tanto da capacidade instalada do país, em termos energéticos, em paralelo com a ampliação das vendas de carros elétricos. A energia solar é vista como uma alternativa no setor elétrico, assim como a eólica, bem desenvolvida no nordeste e sul do país. Atualmente, 83% da energia do país é renovável, indica a ABB, que diz ter condições de produzir tais carregadores elétricos quando houver demanda no Brasil. Atualmente eles são feitos na Itália e China.

Fonte: Valor

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AGÊNCIA CMI
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