Carros autônomos terão de tomar decisões respeitando regras no trânsito

Em 1942, Isaac Asimov definiu suas três leis básicas para a robótica, onde a máquina “não poderia ferir um ser humano”, “obedeceria as ordens dadas por um ser humano” e “deveria proteger sua existência, desde que não entrasse em conflito com as duas leis anteriores”. A época era de guerra e a robótica era um assunto para a ficção científica.

Alguns anos depois, em 1956, a coisa começou a ficar séria quando John McCarthy, professor de matemática no americano Dartmouth College, deu vida ao conceito de inteligência artificial, que é definida como “a conjectura de que todos os aspectos do aprendizado e outras características da inteligência podem em princípio ser precisamente descritas de modo que uma máquina seja capaz de simulá-las”.

Nesse momento da história, o homem buscava o espaço numa guerra fria que só alimenta a ficção científica, anos-luz do que vivenciamos hoje em dia. Mas agora, as leis de Asimov e a IA de McCarthy se convergem sobre os automóveis autônomos. Há poucos anos atrás, falar em um carro que dirige sozinho seria comentar sobre alguma pegadinha de TV ou aqueles projetos de tecnologia feitos apenas para demonstração pública sem perspectivas futuras de se tornar realidade.

Mas a busca pela automação é bem mais antiga. No clássico documentário A História do Automóvel, dos anos 80, já era possível ver alguns vislumbres do futuro atual, entre eles um ônibus da Mercedes-Benz que rodava sozinho. O avanço da computação, a internet e a mudança brusca da economia mundial com a crise econômica de 2009, fez a indústria automotiva dar uma guinada de 180 graus, que quase tirou alguns players da curva.

O carro elétrico começou a surgir no horizonte e, com os avanços recentes, a indústria passou a considerar também uma segunda tecnologia, a condução autônoma. Ela veio com a necessidade de prover mais segurança ao ser humano. Assim, sistemas de auxílio à condução logo começaram a ser fusionados entre si por meio de processadores cada vez mais potentes, acrescentados também por sensores, radares e câmeras extras. O LIDAR, um rastreador laser transforma em dados o ambiente em volta do automóvel.

Até aí, tudo bem. Pode-se fazer o carro andar sozinho mas, como ele tomará as decisões por um ser humano no trânsito? Se a barreira tecnológica foi vencida e o consumidor já aceita ser conduzido por uma máquina (a exemplo do que anda sendo visto nos carros da Tesla), falta a questão legal, que já está sendo resolvida – pelo menos nos EUA – com os políticos, que estão definindo regras para que a condução autônoma seja legalmente aceita.

Mas não só nos EUA existe uma preocupação quanto a isso. Na Alemanha, as leis de Asimov foram aumentadas para 20. Um documento do governo germânico define 20 regras que os carros autônomos precisam respeitar e alguns dos artigos expressam bem a questão sobre a ética dos carros autônomos. O pacote de leis para o segmento define que toda a mobilidade autônoma tem por objetivo melhorar a segurança.

Além disso, a Alemanha define que a proteção do ser humano precede qualquer outra consideração. Em caso de tragédia, o documento indica que não há distinção sobre as características pessoais (condição mental, gênero, idade, entre outros) de quem será atingido e é proibido o sacrifício de qualquer pessoa não envolvida com a geração de risco provenientes da mobilidade. Então, moralidade e bom senso terão de ser ensinados às máquinas de quatro rodas. Difícil?

Fonte: Folha

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