Não há seriedade na pavimentação de estradas no Brasil, segundo especialistas

weAnualmente, o Brasil gasta milhões e milhões de reais em recapeamento de estradas, que deveriam durar muito mais do que realmente duram. Um exemplo é a BR-316 (foto acima), no Maranhão, que custou R$ 107 milhões para ser recapeada.

A recuperação da rodovia federal deveria proporcionar vida útil de oito anos para o asfalto da estrada. No entanto, apenas três meses após a conclusão do recapeamento, uma nova licitação teve de ser feita. O motivo? A estrada já estava esburacada novamente.

Para recapear o que havia sido recapeado recentemente, foi necessária a aplicação de mais R$ 72 milhões. Diante disso, dá para imaginar quantas reformas a BR-316 passará nos oito anos propostos pela primeira recuperação da rodovia.

De acordo com especialistas, o solo brasileiro é extremamente propício para pavimentação e nosso asfalto é de qualidade, feito pela Petrobrás, embora não haja concorrência. O asfalto recebe aditivos para ser melhorado em empresas químicas, mas não se sabe se estas atuam conforme mandado pelos editais.

Para pavimentação, é necessário um projeto, mas nem sempre isso é realizado. O que acontece é má vontade política, de acordo com quem entende do assunto. No Brasil, o processo de pavimentação ainda usa técnicas de 50 anos atrás, por isso muitas estradas não duram o que deveriam por erros nas obras.

Não há engenheiros especializados suficientes no país e por isso não se faz o trabalho como deve ser realizado. Climas diferentes registrados no país também afetam a durabilidade do asfalto, mas não são levados em consideração.

Até mesmo a análise do tipo de pavimento não é realizada. Hoje, o piso é projetado levando-se em consideração a frenagem de um veículo à 100 km/h. Mas isto ocorre apenas lá fora, sendo que no Brasil sequer essa possibilidade é avaliada. Para os especialistas, se a pavimentação for feita com técnicas atuais e com engenharia especializada, a qualidade será 90% superior.

Os projetos de pavimentação devem ser pensados para 50 anos, sendo o mínimo em 20 anos de durabilidade. Atualmente eles já vêm aprovados do governo e não levam em consideração a região e nem a estrutura da via, sempre com restrições orçamentárias, mesmo que os contratos sejam milionários.

O ideal seriam contratos que preveem punição para as construtoras, que devem pagar a conta se algo der errado no período de vigência da durabilidade do asfalto. Se acontecer algo antes, a empresa terá de arcar com os custos de recapeamento. Um bom trabalho pode custar entre 20% e 30% mais, mas a durabilidade do pavimento compensará muito.

Fonte: Exame

Print
AGÊNCIA CMI
Contato
Whatsapp
Instagram
Facebook