Para cobrir custos sociais da poluição, combustíveis devem dobrar de preço

A gasolina subiu recentemente e assustou muita gente, mas o pior pode estar por vir. Com o Acordo de Paris, os países signatários se comprometeram a reduzir os subsídios para os derivados de petróleo como uma forma de cobrir os custos sociais decorrente da poluição gerada por veículos e outros meios que se utilizam de gasolina, diesel e outros derivados do petróleo.

Para o cidadão, o imposto pago vira uma via de duas mãos. De um lado, financia a indústria do petróleo por meio dos subsídios. Do outro, os custos gerados por doenças decorrentes da poluição. No entanto, cada um dos sentidos possui peso e medida diferente. Segundo a Aliança da Saúde e do Meio Ambiente, instituição internacional sob a sigla HEAL, diz que as contas não fecham.

No G20 – grupo das 20 maiores economias do mundo – os subsídios para o petróleo custeados por essas nações somam US$ 450 bilhões por ano. O valor é bastante elevado, mas quando comparado ao custo gerado pelo tratamento de doenças respiratórias e outras decorrentes da poluição atmosférica, os subsídios governamentais para os combustíveis são quase irrelevantes, já que a conta fecha em US$ 2,76 trilhões ao ano! Ou seja, mais de 6 vezes!

Mas, para cobrir esses custos e mais os gerados pelo carvão, a gasolina terá de no mínimo dobrar de preço nos próximos anos. Vale lembrar que estes custos em subsídios começaram a ser computados em 2009, quando as nações decidiram reduzir seus gastos com incentivos aos combustíveis. O cálculo do custo social do carbono é uma tarefa difícil para muitos países, pois é com ele que se poderá cobrar essa carga de poluição da cadeia produtiva e dos consumidores.

Nos EUA, o custo social do carbono é de US$ 40 por tonelada de CO2 emitida na atmosfera. Para calcular o impacto desse custo no preço da gasolina, por exemplo, convertendo-se o valor em dólar pelo real – o que dá cerca de R$ 130 – o consumo de 400 litros de gasolina equivale à emissão de tonelada de dióxido de carbono. A conta – baseando-se no cálculo americano – chega a R$ 16,50 por tanque (em média 50 litros) ou R$ 0,33 por litro.

Mas, há um outro custo ainda sem um cálculo exato, o custo social da atmosfera. Essa leva em consideração o aquecimento global e os efeitos decorrentes de sua ação (pesca, nível dos oceanos, incêndios, tempestades, epidemias, ondas migratórias, entre outros). No entanto, a Universidade de Duke apresentou uma estimativa de um custo social da poluição atmosférica em US$ 1,00 (R$ 3,30) para a gasolina e US$ 1,30 (R$ 4,20) para o diesel. Em outras palavras, para cobrir esses danos ambientais, o preço dos combustíveis terão de dobrar.

Fonte: Folha

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AGÊNCIA CMI
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