Rota 2030: Brasil começa 2018 sem regime automotivo

O ano de 2018 começou. A expectativa para o setor automotivo é boa, já que indicadores econômicos revelam uma recuperação do poder de compra do consumidor e melhor confiança quanto ao futuro. No ano que se encerrou, as vendas subiram 9,4%, de acordo com a agência Auto Informe, contabilizando 2.172.448 emplacamentos de automóveis e comerciais leves.

Esse é o melhor resultado do setor após quatro anos em baixa. Diante do aumento dos emplacamentos, a Anfavea chegou a comemorar um “erro” de previsão para 2018, que era de 7,3%. Agora a expectativa é que este novo ano feche com dois dígitos, algo superior ao resultado de 2017.

Mas não é apenas isso. As montadoras também estão projetando um aumento ainda maior nas exportações, que chegaram a bater recordes em 2017. A promessa para 2018 é crescer ainda mais no mercado exterior e reduzir a ociosidade nas plantas de produção do País, que possuem capacidade total de 5 milhões de veículos, mas que trabalha com menos da metade no momento.

Da parte dos fabricantes, o momento de investir se tornou decisivo para os principais players, que retomam os lançamentos com projeções até 2020. Agora, não parece mais haver limites para o mercado, sendo que algumas montadoras já até confirmaram oficialmente a chegada de carros elétricos, híbridos plug-in e mais modelos novos. Tudo começa a deslanchar a partir desse ano e isso significa que o consumidor terá mais opções, algumas bem atraentes, o que sem dúvida estimulará até quem não estava pensando em comprar nesse ano.

Na parte política, o Inovar-Auto definitivamente acabou. Questionado por outros países na OMC, esta condenou o regime automotivo anterior, que encerrou ontem (31). Agora, não há mais cotas de importação de 4.800 carros por ano para cada empresa e nem a sobretaxa de IPI de 30% para quem não cumprisse essa cota e outras obrigações.

Dessa forma, quem respira aliviado e promete novidades para 2018 é o setor de importados, liderado pela Abeifa. Espera-se um aumento nas vendas pela primeira vez em anos de queda, mas ainda não será algo expressivo. Só mesmo o fim do Inovar-Auto e suas limitações fizeram com que mudanças importantes ocorressem em algumas marcas desse setor.

Mas, se tudo parece convergir para um 2018 bom para o setor automotivo, então o que falta? Um regime automotivo. O ano começou sem regras definidas para os próximos anos. É a primeira vez em décadas que isso ocorre. Sem um rumo a seguir, vale o que estava escrito em 2011. O IPI continua como estava, variando de 7% a 25%. A ausência de uma política automotiva não necessariamente fará com que os preços caiam.

O Rota 2030, promessa de previsibilidade e segurança para o setor nos próximos 15 anos, não saiu do papel por conta das divergências entre as pastas do MDIC e do MF. O motivo era a sobretaxa de 10% de IPI para estimular investimentos por parte dos fabricantes e importadores. Mas, o temor de um novo questionamento da OMC e também de possível desoneração fiscal, fizeram com que a Fazenda barrasse o projeto e a questão fosse levada ao presidente Temer, que recentemente pediu que os dois ministérios encontrem um entendimento para a questão.

Temer quer que as equipes ajustem o Rota 2030 para que não haja mais questionamentos das duas partes e prometeu decidir sobre a nova política apenas em fevereiro. Por ora, não há o que cumprir em termos de investimentos em engenharia, pesquisa e desenvolvimento, eficiência energética, segurança veicular e produção industrial. Sem incentivos, operações pequenas parecem ameaçadas nesse cenário, enquanto os grandes fabricantes acreditam que é hora de mostrar quem pode mais.

Fonte: G1/Auto Informe

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AGÊNCIA CMI
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